Por Dr. Salomón Huancahuire Vega
O observador das aves em geral, e os biólogos em particular, admiram-se perante a enorme riqueza, a diversidade e o vibrante colorido das araras, bem como pelo elaborado desenho das caudas dos pavões. Essa imensurável variedade de plumagens entre espécies, e ainda entre diferentes populações da mesma espécie, chama a atenção de qualquer um. As últimas investigações têm esclarecido de onde vêm os complexos desenhos das plumagens, e até que ponto eles estão escritos nos genes ou dependem de fatores ambientais.
Sabemos que a cor da plumagem permite a certas aves camuflar-se no ambiente, fazendo com que fiquem menos visíveis aos predadores. A plumagem colorida também as faz mais atrativas para as aves da sua espécie, principalmente na época do acasalamento. Esses aspectos são bem conhecidos, mas o mistério que permanece é como os padrões de coloração são formados a nível celular.
A coloração da plumagem ocorre principalmente pela contribuição de dois tipos de pigmentos: a melanina, que produz uma gama de cores escuras como o preto, o cinza e o marrom; e os carotenoides, que são utilizados por estruturas de penas especializadas para gerar tons de cores mais brilhantes. As aves não podem produzir carotenoides por conta própria; para colorir suas penas com cores brilhantes, as aves devem consumir alimentos que contenham esses pigmentos. Quando ingeridos, os carotenoides circulam pela corrente sanguínea até os folículos das penas. O corpo das aves não possui controle celular direto para sintetizar e depositar carotenoides, nem têm a capacidade de controlar as estruturas de suas penas especializadas, que reagem aos carotenoides consumidos com um mecanismo que está regulamentado por células especializadas.
A melanina, por outro lado, sintetiza-se no corpo das aves em células especiais chamadas de melanócitos, que funcionam juntamente com os folículos das penas para conseguir um controle fino da pigmentação.
Embora os estudos sobre a coloração das aves com frequência centrem-se nos carotenoides, uma equipe de pesquisadores quis verificar se a melanina é realmente o único elemento pigmentário que o corpo das aves controla diretamente a nível celular.
Galván e colaboradores dizem: “Sabendo antecipadamente que os diferentes pigmentos e estruturas produzem diferentes tipos de cores nas penas, examinamos a aparência da plumagem de todas as espécies de aves existentes e determinamos se os remendos de cor contidos ali são produzidos por melanina ou por outros elementos pigmentários. Também identificamos aqueles padrões de plumagem que podem considerar-se complexos, definindo-os como sendo formados a partir de combinações de duas ou mais cores perceptíveis que ocorrem mais de duas vezes, ininterruptamente, na plumagem”.
Esse estudo teve um escopo muito amplo e examinou aproximadamente 9.000 espécies de aves. O objetivo era o de apoiar uma conclusão geral para todas as aves para, finalmente, responder à pergunta de como as aves desenvolvem padrões coloridos e detalhados.
A equipe descobriu que aproximadamente 32% das espécies estudadas tinham padrões complexos de plumagem, e a maioria desses padrões complexos são produzidos por melanina, não por carotenoides. Metaforicamente falando, se os pássaros fossem artistas, usariam os carotenoides como um pincel grosso para produzir manchas de cor, e a melanina seria como um pincel de detalhe para produzir desenhos mais complexos.
Além dos pigmentos, há outra via pela qual as aves dão cor às suas plumagens. Essas outras cores se produzem a partir de nanoestruturas específicas nas barbas das penas, que modificam as propriedades da luz incidente ao refratá-la ou espalhá-la. As plumagens iridescentes que, por exemplo, caracterizam o pescoço dos beija-flores, originam-se por um tipo de nanoestrutura que atua como prisma, decompondo a luz solar e provocando a iridescência.
O desenho da coloração da plumagem das aves, desde as cores escuras em suas diferentes tonalidades até aquelas combinações de cores brilhantes e intensas, declaram a sabedoria do Criador.
“No entanto, questiona os animais, e eles te ensinarão; pergunta às aves do céu, e elas te esclarecerão…” (Jó 12:7).